sexta-feira, 29 de maio de 2020

Lidando com o luto em tempos de quarentena #AlertaTextão.



Eis um post cujo tema não cogitei fazer tão cedo e tão de repente. Depois de muito refletir encarando a tela do computador, concluí que a magia da vida se encontra justamente nas surpresas que nela encontramos; surpresas essas não necessariamente boas.

Sempre fui bastante apegada a minha família; somos daquela que briga por besteiras mas na hora da dificuldade ninguém solta a mão de ninguém. Aliás, hora nenhuma as mãos são soltas, porque cinco minutos depois de brigar para saber quem comeu mais gelatina no dia do meu aniversário - essa foi épica KKKK - já tava todo mundo rindo dessa mesma discussão.

Não sei se esse é o tipo de post que interessa a vocês, mas expor minha vulnerabilidade dessa maneira é um ato de coragem para mim, e acho importante mostrar-lhes que somos todos iguais. Uma foto com um sorriso no rosto pode esconder muitas coisas, contudo, esse assunto já foi debatido por aqui. 

Dando continuidade, sabe-se lá quem vai ler ou como vai interpretar esse montão de palavras aqui escritas, né? Todavia, é colocando as cartas na mesa, ou melhor, nossa fraquezas e dificuldades, que nos mostramos humanos e solidificamos relações cada vez mais verdadeiras (aprendi com o Fred Elboni). 

Aproveitando a deixa, acho muitíssimo interessante a ideia de que vocês, que talvez nunca tenham me visto, me conheçam melhor do que pessoas que estão comigo há anos e, até mesmo, me viram crescer. 

Parte considerável da minha família me considera uma pessoa fria, que não demonstra sentimentos, afeto ou coisas do tipo; já eu, que me conheço melhor que ninguém - na verdade, acho que perco para minha mãe - me considero uma das pessoas mais sensíveis que conheço. Tudo bem, na segunda parte eles, realmente, estão certos, não sou muito boa em demonstrar o que sinto. Tentei mudar isso em uma experiência recente (uns 3, 4 anos atrás) e dei de cara no asfalto; mas, agora, mais velha e com outras experiências na mala, entendi que grande parte das pessoas, às vezes, e involuntariamente, tem prazer em agir assim para acariciar o próprio ego. E tá tudo bem.

Falei, falei, falei... E o título do post???

Pois é, como bem iniciei, o irreal se tornou real. Para não me prolongar - até porque o pessoal do Instagram já conhece a história de trás para frente: no mês passado, meu avô foi socorrido e em menos de setenta e duas horas na UTI teve uma parada cardíaca e não resistiu.

E, foi então que percebi como não tenho controle das coisas que acontecem na minha própria vida; digo, concluí 2019 com um post que dizia o tanto de expectativas que tinha para o ano que estamos vivendo, e, ainda tive o prazer de escrever "inimaginável" em letras maiúsculas. Olha só o que a vida reservou para mim! De fato, inimaginável, mas, ao escrever, não foi nesse sentido que almejei.

Não estou aqui para debater religião ou descrer de Deus, pode ter parecido no começo do parágrafo anterior, mas é Ele quem está me (nos) mantendo de pé e dando forças para seguir(mos) com esse vazio imensurável que sinto(imos) em meu (nossos) coração. 

O que quero, realmente, dizer é que em fração de segundos, tudo e qualquer coisa pode mudar. A vida tem esse "quê", ela sempre dá um jeito de nos surpreender, e, muitas vezes, não estamos prontos para lidar com as consequências de tais surpresas.

Perder pessoas não é o forte de ninguém, seja por vontade própria de quem vai ou por falecimento, e, não há nada mais triste que a convicção de que sempre teremos outro momento para fazer determinadas coisas. É, nem sempre temos. Eu tinha certeza de que ele voltaria. Em oração, disse a Deus: "ele não pode ir agora, ele precisa saber o quão importante é nas nossas vidas"; só que não sou eu quem controlo as vontades dEle, e, acho que coloquei no plural para me sentir menos péssima.

É falando nisso que concluo com o ponto que citei linhas atrás: minha frieza. Eu era apaixonada pelo meu vô de uma forma que só descobri agora. Claro, sabia que o amava, afinal, ele era meu avô, nós morávamos juntos, ele participou de parte considerável da minha criação, e outras mil coisas, mas foi só com sua partida, que descobri o tamanho desse amor tão incontrolável. Ele sabia como ninguém dessa característica minha, e torço muito para que ele também tenha sabido da intensidade desse amor, mesmo sem eu ter dito uma palavra.

Lidar com sentimentos é sempre difícil, seja ele de qual gênero for, mas, to para admitir que em quarentena as coisas ficam um pouquinho mais complicadas.

Você não chegou até aqui por acaso, e, tenho uma coisa muito importante a dizer-te: perde tempo não. Quais certezas você tem para daqui a uma hora? Quais garantias? 

Um total de zero!!!

A cada nascer do sol, temos inúmeras novas oportunidades de fazermos diferente e sermos pessoas melhores, cabe, exclusivamente, a nós mesmos analisarmos até onde o nosso ego nos domina. No meu caso, e, nesse momento, especificamente, não foi meu ego, foi a certeza do amanhã.

 Você pode ser orgulhoso (a), estar brigado/sem falar com alguém especial, ter a mesma característica que eu... Mas, caramba, são coisas reversíveis, ainda dá tempo da gente mudar e consertar as coisas; contudo, em setenta e duas horas, pode não dar mais.

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